4.4.14

Que a noite já aí vem

Sou já memória e raiz,
Ninguém sai donde tem Paz.
Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa,
Pisar a terra em brasa,
Que a noite já aí vem. 
Quero voltar
Para os braços da minha mãe.

♫ Pedro Abrunhosa ft. Camané - "Para os braços da minha mãe"

A noite já aí vem. Como tem vindo, todos os dias, fazem já quase dois anos, desde que entrei naquele avião rumo a um sonho e para longe de (quase) todos os que amo. 
Não é a noite que é particularmente difícil. Particularmente difícil é não ver o rosto daqueles que nos são próximos, particularmente difícil é a ausência dos momentos mais banais. Difícil é não fazer aquele caminho que já sabemos de cor, já por instinto, até ao sítio que chamamos casa. É não ver as mesmas árvores, os mesmos prédios, as mesmas estradas esburacadas. É não ver aquilo que muitas vezes deixamos de ver, porque o conhecemos por inteiro. 
Difícil é não ouvir as vozes senão por telefone, não ver os sorrisos se não através de um ecrã. Difícil é ter que guardar no coração e na alma todos os momentos vividos, pois a senhora saudade fez deles - coração, alma - a sua morada permanente. 
Esta noite ela faz-me companhia. Senhora saudade. Mas não somos só nós duas - tenho o meu coração cheio de gratidão por ter tanto que me faça falta. 
E amanhã a noite virá novamente, mas é menos uma noite sem eles.

1 comentário:

  1. Ai Carlota, que texto bonito e cheio de sentimento :-)
    A saudade é mesmo um sentimento tramado... Mas se a mudança tiver sido por uma causa maior e melhor quem sabe vale mesmo a pena... E quando chegar à SUA casa, à beira da SUA família, o aconchego do lar, os cheiro da sua cidade, as comidinhas, tudo lhe vai fazer mais sentido e saber melhor ainda :-)

    Beijinhos grandes com muita força***

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